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WEB RÁDIO

21 de setembro de 2011

Crônica do Desconhecido



Acordou sem nem ter dormido. Foi até o banheiro, lavou o rosto, olhou o espelho e não se reconheceu mais. Seu rosto estava diferente. Seus olhos estavam pequenos, suas lágrimas agora cortavam, sua boca estava seca, e sua face desfocada. Até acreditou que era o embaçado do espelho, limpou-o, porém seu reflexo permaneceu igual.
Tomou um banho, mas não conseguiu lavar a alma e mandar pelo ralo as verdadeiras impurezas que realmente feriam seu corpo.
Recebeu um telefonema, o que 'mais precisava' naquele momento. Vestiu-se. Saiu.
Chegou ao seu destino e lá permaneceu inerte. Os conhecidos gritos e xingamentos não eram ouvidos. O mundo estava no MUTE. Apenas as vozes, ah.. as vozes...., estavam no Viva Voz. Discursos e palavras recém-ditas, e outras de muito tempo atrás, não paravam de assombrá-la. Sentia-se sem uma, duas, três, DOZE de suas partes.
Mesclava algumas lágrimas com uns tímidos sorrisos de incompreensão do momento. Não acreditava no que presenciava, no que vivia. Exerceu seus movimentos como de costume, só que de forma mecânica, sem nenhum tipo de cálculo ou empenho.
As pessoas lhe tocavam, mas não alcançavam seu inconsciente. Flashes e mais flashes repetiam-se em sua cabeça. Sorrisos, gritos, tudo que queimou.
Sempre soube que se colocasse a matemática em jogo, o resultado positivo seria maior que o negativo.
Poderia ter gritado: NÃO! Mas aceitou por que queria tentar uma vez na vida não ser egoísta, deixar o outro ser feliz. Não há espaço para ter raiva de algo que foi tão puro e 100% honesto e verdadeiro.
O que reside agora é a ausência. Desejará que tudo acabe bem, da melhor forma. Ficará Offline até encontrar um pouco de ímpeto para voltar.
Despede-se aplaudindo o espetáculo em que acreditava. Sai satisfeita por ter feito parte dele, e por ter sido feliz. Mas também vai cabisbaixa por no fundo ter esperado ficar mais tempo no palco.

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