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31 de maio de 2010

Ciência e Vida Mulheres gastam por mês, em média, 12% de um salário mínimo com cigarros







O cigarro mata por ano mais de 5 milhões de pessoas
Crédito : AFP
DA REDAÇÃO CLICK21 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2008) do IBGE aponta que as mulheres gastam por mês, em média, 12% de um salário mínimo com cigarros industrializados. O cálculo foi feito tendo como base o salário mínimo vigente à época (R$ 415), o equivalente a um quarto da cesta básica do Rio de Janeiro no mesmo período. Esse gasto foi de menos de 10% no Nordeste do País e chegou a 13,6% no Centro-Oeste. Atualmente 9,8 milhões de brasileiras são fumantes.

O estudo International Tobacco Control (ITC Brasil), que entrevistou mulheres do Rio, São Paulo e Porto Alegre, e foi lançado em outubro de 2009, mostra que cerca de 80% das fumantes entrevistadas declararam saber que o dinheiro destinado ao cigarro poderia ser mais bem utilizado com gastos domésticos, como, por exemplo, a compra de alimentos.

O dado é preocupante porque no Brasil os maiores índices de tabagismo estão justamente na população menos escolarizada (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (19,9%), incluída a população que ganha até um quarto de salário mínimo.

"No caso das mulheres de baixa renda, elas podem estar abrindo mão de outros itens fundamentais como alimentação e cuidados pessoais", afirma Liz Almeida, gerente de Divisão de Epidemiologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Segundo o Banco Mundial e o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, tabaco e pobreza formam um ciclo vicioso e representam um entrave ao desenvolvimento sustentável dos países. Os maiores percentuais de fumantes no Brasil, entre ambos os sexos, estão entre a população menos escolarizada (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (19,9%), incluída a população que ganha até um quarto de salário mínimo.

Segundo a OMS, a prevalência de tabagismo entre os homens atingiu o pico, mas entre as mulheres permanece em ascensão - elas já representam 20% do total de fumantes do planeta, um contingente formado por 1,3 bilhão de pessoas de ambos os sexos. Do ponto de vista da saúde pública, trata-se de um fenômeno preocupante no Brasil e no mundo.

"Ao escolher o tema Tabaco e Gênero para o ano de 2010, a OMS reafirma o impacto negativo do cigarro para a saúde da mulher", diz o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini. "É necessário divulgar constantemente os males do tabagismo, inclusive para as mais jovens e em idade fértil, que evitam a gravidez com método contraceptivo hormonal", finaliza.

Mulheres que fumam e tomam pílula têm dez vezes mais chances de sofrer ataques cardíacos e embolia pulmonar do que as que não fumam e utilizam a pílula para o controle da natalidade. Além disso, as fumantes têm 22% mais probabilidade de ter um acidente vascular cerebral (AVC). Os dados são do Manual do Dia Mundial sem Tabaco 2010, produzido pelo INCA.

O câncer de pulmão já é o segundo tipo de neoplasia que mais mata as mulheres no Brasil, depois dos tumores de mama. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) informam que 7.435 brasileiras morreram em 2008 em decorrência da doença. Em 2000, a taxa de mortalidade decorrente de câncer de pulmão era de 5,97 óbitos a cada cem mil mulheres; em 2007 chegou a 7,15 - um aumento de 20%. Já a taxa de mortalidade entre os homens se mantém no patamar de 16 óbitos a cem mil homens ao longo de todo o período.

O perfil da fumante brasileira está sendo divulgado pelo Inca para celebrar o Dia Mundial sem Tabaco, que, este ano, tem como tema "Tabaco e Gênero".

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