As folhas com espinhos urticantes não denunciam de imediato seu potencial forrageiro. Mas a favela é uma forragem rica e de fácil digestão, chegando a conter 18,5% de proteína bruta, 23,3% de amido e 2,1% de cálcio, segundo estudos Centro de Pesquisas Agropecuária Trópico Semi-Árido e do Instituto de Pesquisa Agropecuária – IPA.
Na caatinga, os animais sabem utilizar a faveleira na hora certa. Quando as folhas da planta secam e caem no chão deixam de ser urticantes, servindo então de alimentos para caprinos, ovinos e suínos. Este tipo de vegetação, cujo nome científico é Cnidoscolus phyllacanthus é resistente à seca e se desenvolve em solos rasos e pedregosos.
Os técnicos da Embrapa, Nilton de Brito Cavalcanti e Geraldo Milanez Resende, comprovaram o consumo desta espécie pelos animais no período sa seca, a partir de levantamento realizado em três comunidades do município de Curaçá – BA.
A pesquisa, realizada no período de setembro a outubro de 2005, identificou que “os animais ramoneiam a favela no período entre as 8 e 10 horas da manhã, consumindo, principalmente os brotos e a casca. Os agricultores informaram que no período de maio a julho quando as folhas maduras da faveleira caem os animais dão preferência a este tipo de alimentos” detalha o relatório da pesquisa.
Ação humana na utilização da faveleira
Além de ser consumida de forma natural, as ramas e cascas servem para fazer feno e as sementes podem usadas para alimentar animais silvestres e domésticos. Sua fenologia indica o mês de janeiro como período do início da floração e fevereiro de frutificação.
Segundo estudos acerca do potencial desta espécie nativada caatinga, a semente fornece um oléo comestível nutritito e saboroso que contém 46% de proteínas, enquanto o óleo de oliva contém apenas 14%. A torta, subproduto da extração de óleo, é uma formidável ração, com cerca de 66% de proteínas, superando 46% contidos no farelo de soja, também usado na alimentação animal.
Replantio de faveleiras em áreas de Fundo de Pasto
Cientes da importância desta espécie, a equipe técnica do Irpaa incluiu a faveleira como uma das espécies nativas a serem replantadas nas comunidades envolvidas no Projeto Recaatingamento que, patrocinado pela Petrobras, é desenvolvido em setes municípios da região Norte da Bahia.
O projeto, além do plantio em conjuno com a comunidade, realiza também formações que orientam as/os produtores a cultivarem e fazerem o manejo correto da planta, extraindo de forma sustentável todos os elementos que ela oferece e que contribuem com a caprinovinocultura no semiárido.
Em Curaçá, onde a pesquisa da Embrapa identificou uma variação de 12 a 68 plantas/ha na área observada, também está sendo feito replantio da espécie. Na comunidade de Pau Ferro as mudas foram cultivadas no viveiro construído através do projeto e agora estão plantadas em área coletiva cedida pelos/as moradores/as.
Comunicação – IRPAA
Nenhum comentário:
Postar um comentário