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11 de agosto de 2010

As 30 moedas de prata e o fascínio do poder


"Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregare? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata" (Zacarias 11:12-13; Mateus 26:14-15).
Por Anatólio Julião
Não é só o dinheiro, ou a promessa de obras, que atrai certos prefeitos para o parangolé eleitoral do candidato chapa-branca a governador, Eduardo Campos.
É também o fascínio do poder, do afago solícito e risonho do príncipe, agora que, para o sucesso, depende em parte da força eleitoral dos alcaides; o delírio de sentir-se parte, se não do time favorito, pelo menos da sua torcida.
É o sonho de serem os preferidos e protegidos nas próximas eleições municipais, quando tentarão a reeleição ou pugnarão por fazer os seus sucessores, garantindo e hegemonia do seu grupo político na Pátria Pequena que é o município.

Como será isto possível quando em muitas das nossas cidades o ilusionista Eduardo Campos encena a união de grupos historicamente adversários? Quantos minutos durará uma tal unidade logo após o encerramento do pleito de 3 de outubro próximo? Quem será então o verdadeiro preferido e protegido nas próximas eleições municipais? É roleta russa e alguém terá de ser sacrificado.
Alguns prefeitos e outras lideranças municipais deixam-se seduzir pelas trinta moedas, mesmo que no íntimo saibam que pouco ou nada poderá ser feito com tão pouca prata para tantos Iscariotes.
Passada a embriaguez eleitoral, virá a ressaca da realidade: do minguado FPM, da miserável cota-parte do ICMS, da eterna peregrinação, de pires na mão, pelas secretarias de Estado e gabinetes de parlamentares em cujas faces o sorriso fácil do candidato já terá sido substituído pela expressão grave e pesada de quem sabe exercitar o “não” do poder.
O Judas também foi assim cooptado e quando percebeu a asneira que tinha feito já era tarde demais. As 30 moedas de prata foram para o oleiro e a sua alma para Satanás. Nenhuma das benesses com que sonhou, nem sequer a do prestígio junto aos sacerdotes fariseus, se tornou realidade.
Restará a consciência pesada de ter retribuído com enorme ingratidão ao competente gestor que sentou as bases para que Pernambuco pudesse receber os investimentos estruturadores que, um após outro, por aqui aportam.
Os investimentos feitos pela administração Jarbas Vasconcelos, em todas as regiões do Estado, obedeceram a critérios de fortalecimento dos grandes arranjos produtivos da nossa economia: das estradas do vinho e do gesso, e a agricultura irrigada, no Sertão, ao Porto de Suape na RMR.
A BR-232 – em franco processo de deterioração – resume a visão do estadista preocupado com o desenvolvimento de dezenas de municípios, agora projetando o seu prolongamento até Arcoverde e Garanhuns.
O candidato chapa-branca continuará a percorrer os municípios de Pernambuco, levando às costas o seu saco de moedas de prata com que pretende continuar a comprar almas fracas; não poderá, entretanto, carregar moedas suficientes para comprar a consciência do povo pernambucano.

Anatólio Julião
Sociólogo
Recife, 10 de agosto de 2010

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