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7 de janeiro de 2011

Perspectivas 2011: Agronegócio exige mão-de-obra cada vez mais qualificada


Apesar disso, setor tem espaço para quem está preparado e oferece bem mais do que empregos
Mão-de-obra qualificada não é um problema só de assentamentos. Nos último anos, o campo teve que concorrer com as oportunidades oferecidas nos centros urbanos. Mas o setor tem espaço para quem está preparado e oferece bem mais do que empregos. Funções novas e vitais para o agronegócio podem ser a chance de crescimento profissional e sucesso que muitos procuram.

São apenas oito funcionários para cuidar de 340 hectares de solo encharcado e um rebanho de búfalos que chega a produzir 600 litros de leite por dia. O dia-a-dia de seu José Pereira Barroso é assim, conduzindo os animais por toda a propriedade.
Depois do banho, tem a ordenha. Essa etapa ele também acompanha de perto. Parece não se importar com tanto trabalho.
– Eu gosto, eu gosto. Sei fazer meu serviço. Gosto do que eu faço, me sinto bem. A gente vai aprendendo e fazendo o que pode – diz Barroso.
Por aqui não é fácil encontrar gente com tanta experiência assim.
O Vale do Ribeira concentra um quarto do rebanho bubalino do Estado de São Paulo. São 25 mil animais, segundo a Associação de Criadores da região. O problema é que falta gente pra cuidar dos búfalos e trabalhar na extração de leite. Poucos têm a qualificação necessária para a atividade.
– O mais problemático é a qualificação. E a qualificação também você não vai encontrar fácil, você tem que fazê-la, você tem que treinar esses funcionários. Desde que ele tenha boa vontade você consegue com determinado passar de tempo prepará-lo para a atividade, é o que nós temos feito aqui com constância – diz o pecuarista José Carlos Fernandes.
O veterinário é chefe da estação experimental de registro, onde são oferecidos cursos gratuitos de capacitação.
– Em 2010, nós trabalhamos com aproximadamente 50 pessoas entre profissionais da área rural, funcionários, médicos veterinários, zootecnistas, agronomos. Pra 2011, a gente espera capacitar por volta de cem pessoas – projeta o médico veterinário Nelsio de Carvalho.
Quando o assunto é mão-de-obra, outras atividades agrícolas competem diretamente com a produção de leite.
– A região é uma região muito forte em banana e pupunha e a pecuária seria a terceira força aqui. Então, não tem muita gente treinada em pecuária. Então a gente tem esse tipo de dificuldade, tirar o cara do bananal e por ele pra trabalhar com o gado – diz o presidente da Associação de Bubalinos do Vale do Ribeira. Pedro Paulo Delgado.
A falta de trabalhadores qualificados não se restringe ao Vale do Ribeira, muito menos à pecuária de leite. Também é um problema das grandes usinas do centro-sul do país. Poucos têm uma história como a do coordenador de processos agrícolas Adriano Pinheiro para contar. Para conseguir o cargo de coordenador de produção, foram dezoito anos de muito trabalho e preparo.
– Passei em tratos culturais, lá no apoio, na operação, como operador e hoje com a oportunidade de recrutamento que a empresa oferece para a gente. Estou tentando sempre buscar o desenvolvimento – diz Pinheiro.
A boa notícia é que histórias como a de Fábio Pereira da Silva estão se multiplicando. Atualmente, os instrumentos de trabalho do aprendiz de mecânico, que cortava cana até o ano passado, são outros.
– Foram 13 anos cortando cana. De primeiro de outubro para cá foi que surgiu essa oportunidade de estar na oficina aprendendo. E eu estou gostando muito. Para mim foi muito agradável – diz Silva.
O avanço da mecanização diminuiu a presença do trabalho manual no campo, mas isso nem sempre significa que esteja faltando emprego. Uma usina de Conchal (SP), por exemplo, está contratando. Precisa de 200 funcionários e ainda assim tem dificuldades em preencher as vagas.
– O trabalhador acha outro serviço, outro emprego, qualquer outro emprego que ele acha ele não vem mais cortar cana. Cortar cana é serviço muito duro, não é pra qualquer pessoa – diz o presidente do Sindicato Rural de Capivari, Antio José Bom.
Mais de 80% do trabalho na usina é mecânico. Mas é difícil operar as máquinas em terreno irregular. Nessas áreas, o corte manual ainda é comum.

– Na verdade, é um grande desafio, um desafio duplo. É o de capacitar pessoas para mecanização e captar pessoas – diz a coordenadora de Gestão de Pessoas Magda Agostini.
– As pessoas falam cada máquina tira 80 a 100 empregos. Mas cada máquina gera em torno de 20 empregos. Empregos mais qualificados com melhor salário. A maior preocupação da indústria tem sido a requalificação dos trabalhadores, procurando fazer com que esse processo seja o mais harmônico possível – diz o presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar, Marcos Jank.
O objetivo é capacitar. Mas nem sempre as oportunidades são aproveitadas. Os setores que mais contratam nem sempre são aqueles setores mais procurados.

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