Uma pesquisa do Ibope mostra que a maioria da população culpa o MST pelos conflitos no campo, crê que ele atrapalha a reforma agrária e é pernicioso para o país
BANDITISMO - O MST consolidou sua péssima imagem ao protagonizar episódios como a queima de uma floresta na Bahia, em 2004
Uma história de 25 anos de banditismo e vandalismo transformou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em uma das instituições mais repudiadas do país. Até a Câmara dos Deputados e o Senado, que vivem imersos em escândalos, contam com mais simpatia da sociedade. A primeira palavra que a população associa à sigla MST é “invasão”, um crime tipificado no Código Penal. A segunda é “violência”. A devastação da imagem da organização foi comprovada em uma pesquisa realizada em novembro pelo Ibope Inteligência.
O trabalho foi encomendado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), para verificar o apoio popular à CPI do MST, instalada no Congresso para apurar delitos atribuídos à entidade. Constatou-se que, para a maioria dos brasileiros, o MST prejudica o desenvolvimento social, a economia, o emprego, os investimentos e mancha a imagem do Brasil no exterior. As respostas dadas por 2 000 pessoas às 32 perguntas do questionário transmitem uma mensagem clara: os cidadãos do país querem ordem e paz, e culpam os sem-terra pelos confrontos no campo. Nada menos que 54% atribuem os conflitos agrários ao MST.
A repulsa ao movimento não significa que a população não apoie algum tipo de reforma agrária. Ao contrário, os brasileiros a endossam. Acreditam, porém, que o MST se desviou desse objetivo. Para 66% das pessoas ouvidas, suas invasões de terra não visam a assentar famílias, mas apenas a pressionar o governo. Para uma parcela semelhante, os líderes da organização estão menos interessados em beneficiar as hordas de sem-terra do que em usá-las para aumentar seu cacife político.
Os brasileiros creem que essa estratégia tem dado resultado. A maioria dos entrevistados afirma saber que o governo repassa dinheiro ao MST, e um terço deles diz que esses recursos financiam as invasões. Segundo o instituto, 19% acreditam que o movimento está vinculado ao PT. Outros cinco partidos também são mencionados, mas cada um deles por apenas 1% dos entrevistados.
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