Por Robson Fernando
para o Acerto de Contas
A repercussão (ou falta dela) do “caso Datena”, no qual foi escancarado o mais expressivo e público caso de preconceito contra ateus no Brasil nos últimos tempos, vem mostrando uma realidade difícil para quem não acredita em um ou mais deuses: sua situação como minoria intolerada não é enxergada como deveria ser pela mídia nem pelos grupos de defesa dos direitos humanos e combate à discriminação. Em comparação aos negros, LGBTT, mulheres e religiosos não-cristãos, os ateus como categoria discriminada estão muito atrás em visibilidade e em recebimento de solidariedade de quem milita pela igualdade de direitos e tratamento entre todos os humanos do país.
Para quem ainda não sabe o que realmente houve, explico resumidamente: no último 27 de julho, José Luiz Datena, apresentador do Brasil Urgente na emissora de TV Band, proferiu discursos de profundo preconceito e intolerância contra os ateus, contra quem “não tem Deus no coração”. Além disso, mandou ao ar uma enquete perguntando: “você acredita em Deus?”. Entre seus dizeres, destacaram-se:
- Não importa se você é judeu, se você é muçulmano, se você é católico, se você é evangélico, vocês acreditam em Deus. Eu parto dessa pressuposição. Quem não acredita em Deus não precisa me assistir não, gente. Quem é ateu não precisa me assistir, não. Mas se eu fizer uma pesquisa aqui se você acredita em Deus ou não é capaz de aparecer gente que não acredita em Deus. Porque não é possível, cada caso que eu vejo aqui é gente que não tem limite, é gente que já esqueceu que Deus existe, que Deus fez o mundo e coordena o mundo. É gente que não acredita no inferno. Esse é o detalhe.
- Vocês que não acreditam, se vocês quiserem assistir outro canal, não tem problema nenhum. Eu não faço questão nenhuma de que ateu assista o meu programa. Nenhuma. Agora, quem acredita em Deus, seja evangélico, seja muçulmano, seja judeu, seja católico, qualquer religião, entendeu, de quem acredita em Deus, continue comigo. Quem não acredita não precisa nem votar, não. Não precisa, de ateu não quero assistindo o meu programa. Ah, mas você não é democrático! Nessa questão, não sou não. O sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites. É por isso que a gente tem esses crimes aí. Agora, vocês que estão do lado de Deus, né, como eu, como eu, podiam dar uma lavada nesses caras que não acreditam em Deus.
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