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30 de novembro de 2009

ENTRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, MULHER GANHA ATÉ 28,5% MENOS












A histórica diferença salarial entre homens e mulheres é ainda mais evidente entre as pessoas com deficiência. Enquanto na população brasileira em geral mulheres ganham 17,2% menos que homens, entre quem tem alguma deficiência a diferença chega a 28,5%.
Escolaridade cresce entre deficientes no mercado de trabalho
Alessandra Biasi, com má-formação em mão, passou em concurso na Caixa Econômica
A remuneração das mulheres é inferior em qualquer recorte --como escolaridade, setor de atividade ou tipo de deficiência-- que se faça nos dados da Rais 2008 (Relação Anual de Informações Sociais), elaborada pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
Em alguns casos, como profissionais com deficiência auditiva, a defasagem entre os gêneros atinge 39%: homens recebem, em média, R$ 2.476,64; mulheres, R$ 1.507,48.
Entre as hipóteses para explicar a diferença está o preconceito. "É uma dupla discriminação", diz o vice-presidente do Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência), Isaías Dias.
"O mercado [de trabalho] como um todo é mais aberto para o homem", corrobora Márcia Hipólito, gerente de responsabilidade social da Gelre, empresa de recrutamento e seleção.
Para o coordenador do Programa de Apoio ao Portador de Necessidades Especiais da UnB (Universidade de Brasília), José Roberto Vieira, o tempo de experiência não explica a diferença de remuneração.
Homens e mulheres com deficiência, destaca, entraram no mercado de trabalho com mais intensidade na década de 1970.
Mas a presença em maior escala vingou a partir de 1991, com a Lei de Cotas, que prevê que empresas com cem funcionários ou mais preencham de 2% a 5% dos cargos com pessoas com deficiência ou beneficiários reabilitados.
A secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara Battistella, discorda da justificativa. Para ela, a defasagem é a mesma da remuneração das mulheres sem deficiência há 20 anos. "[As mulheres com deficiência hoje] estão há menos tempo no mercado."
Battistella pondera que o número de homens com vínculo formal de trabalho é maior que o de mulheres --eles somam 207.897, e elas, 115.313, o que, estatisticamente, pode gerar a diferença. A concentração em setores que pagam mais pode levar à defasagem, diz.
Na chefia
"A inclusão é difícil porque houve um processo histórico de exclusão -não só no trabalho", assinala Vilma Leite Machado Amorim, da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, do Ministério Público do Trabalho.
"Se for feito um recorte de dados considerando deficiência, gênero e cor, será possível notar que as mulheres negras com deficiência têm remuneração ainda menor", destaca.
Em relação à promoção, o cenário é igual para ambos os sexos. "São tão poucos que, quando estão em cargo de direção, viram símbolo."
O combate à desigualdade "depende da visibilidade [do tema] e do enfrentamento judicial e extrajudicial", avalia.
128.617
Foi o número de pessoas com deficiência no setor de serviços em 2008. Foi o segmento que mais empregou, seguido por indústria de transformação (91.243) e comércio (46.301)
54%
Foi a diferença na remuneração de homens e mulheres com deficiência no extrativismo mineral -- maior entre todos os setores em 2008. Eles receberam R$ 2.028; elas, R$ 932.

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